terça-feira, 9 de dezembro de 2008

As inquietações de Fafinha


Não consigo ser superficial, sempre vou fundo, minhas emoções gritam, e vivo tudo muito intensamente. Prefiro sentir tudo, beber até a última gota, engolir tua saliva, respirar todos os cheiros, provar todos os temperos, e provocar todos os anseios.

Gosto de falar sobre o amor, tudo que ele traz ou de tudo que ele leva. E para nosso capítulo de hoje apresento-lhes“Fafinha”. Uma mulher de 60, mas com as mesmas inquietações e medos de um coração de 15, 20, ou 30.

Na hora do meu cigarro matinal (eu sei, eu sei! ainda paro com isso*, ou seria vício?!), no intervalo das obrigações diárias, encontro essa alma inquieta vindo em minha direção. O primeiro assunto foi sobre o fumo, “Uma moça tão bonita fumando...”, exclamou. E foi logo despejando: “preciso desabafar”.

Como uma boa ouvinte e todo jornalista que se preza (e não há como fugir disso), fui tratando de aguçar os sentidos. Vou relatar o resumo da ópera... A “Fafinha” em questão, tinha ficado viúva há alguns anos, e há 14 convive com um senhor também viúvo. Na tranquilidade da terceira idade e do balanço na rede da casa no campo, sem esperar grandes surpresas da vida, eis que surge a “prima malvada”.

A nova personagem da história entra em cena querendo roubar-lhe o “amante”. Fafinha com profundo sentimento, medo da solidão e de tudo que ela traz, confessa que o parceiro está dividido - e não satisfeito pediu-lhe que caso opte pela segunda opção, que esta não se envolva com outro alguém, nem guarde ressentimentos, pois precisa dos seus cuidados (já que este – o companheiro, sofre com problemas de saúde). P.S.: Impressionante como os homens em qualquer idade são altamente egoístas!

Ao concluir o desabafo a simpática senhora mostra-me uma sacola de remédios e manchas roxas nas pernas causadas por problemas cardíacos decorrentes da atual situação. Na verdade acho que ela só precisava naquele momento de alguém paciente para ouvi-la, mas ainda assim pediu-me conselhos.

O outro ângulo da história... No auge dos meus 26 e meio, chegando à crise dos trinta, sem estabilidade profissional, com histórias amorosas não tão bem sucedidas, sem filhos, carro, apartamento, livro escrito ou árvore plantada, mas cheia de teorias na cabeça e sentimentos borbulhantes, me vi sentada naquela praça dando conselhos sentimentais a uma estranha que me parou para falar sobre os dessabores do amor.

Não passei muito do trivial e dos conselhos estilo auto-ajuda (não se desespere, tudo que tiver de ser, será! O primeiro e o único amor é o amor próprio! Não se prejudique, muito menos a sua saúde por quem não te merece! Tudo passa!), enfim... Nesse momento, confesso, fui superficial, contrapondo ao que afirmo no topo do texto. Mas, não havia muito o que dizer, apenas observar, sentir, perceber...

Perceber que o amor é um tema infindável, e que ele não escolhe a quem vai presentear com suas doçuras ou vai sufocar com suas amarguras. Passa-se o tempo, mudam-se os cenários, aumenta-se a idade, mas o amor está sempre vivo, presente, atuante. As formas de amar e os tipos de relacionamento até mudam, para pior na minha concepção, pois no auge da geração “pegação”, do ninguém é de ninguém e dos relacionamentos “abertos” o amor parece que ficou meio fora de moda. Enfim... essa parte fica para um outro momento!

A história de hoje termina então com um abraço, das já então velhas conhecidas, e com desejos de boa sorte, e coisas do gênero. Ah, ela perguntou sobre o estado do meu coração, eu disse que estava recém partido, mas já curado, sonhando com um novo amor, pois ele não consegue ser solitário. E ela me desejou um bom marido, como uma mãe deseja a um filha. P.s.: Que os anjos digam amém!

2 comentários:

  1. Oi Anna!
    Menina fiquei chateada com essa história. Homens egoístas mesmo, esse então, mais do que egoísta. Desejo a à Fafinha um bom amante. Não que eu não acredite no amor, eu acredito, só acho que o amor como os livros, contos de fadas e novelas vendem, simplesmente deixou de existir com o egoísmo humano... tem muita gente despreparada para amar, viu.

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  2. Pois é Femi... tb ainda acredito no amor, mas um amor real, não como o dos contos de fada (já deixei de acreditar no príncipe faz tempo...).
    O egoísmo é sim um dos grandes vilões dessa geração, que não deixa que as pessoas enxerguem o outro, que percebam o outro e amem o outro...
    O "amante" da Fafinha é um bom exemplo! A verdade é que como minha saudosa mãe dizia: "minha filha, homem quando vira a cabeça por outra mulher não se importa com mais nada"!

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