terça-feira, 29 de setembro de 2009

Fracassos


Tenho colecionado fracassos
de uma desastrosa vida amorosa
que não sabe onde começa
muito menos acaba

Seria trágico
se não cômico
todo esse meu sonho
de tornar real um dia
essa tal alegria

Vejo tudo passar
como uma leve brisa
que logo se dissipa
ou furacão
que tira tudo do lugar
e eu sozinha a tentar consertar

Parei de tentar decifrar
porque as noites são mais longas
e não gosto muito dos dias

Guardo uma sucessão de erros
próprios e alheios
mas, que não são causas
de tantas consequências insensatas

É fácil cobrar
se não sabe se doar
testes apenas para mercadorias

Tentei tanto
que o meu pranto
se faz santo
de tanto respeitar

Tudo foi verdadeiro
até os pesadelos
de não mais encontrar
quem quis tanto amar

Só queria um julgamento justo
por todo esse meu mundo
que tentei compartilhar

O amor parece não me notar
não reconhece a minha face
levou para longe minha metade
sem pestanejar

Estou perdida
entregue a solidão
não sei se sossego
se sonho
ou tonto

sábado, 19 de setembro de 2009


Me sinto tão só quanto nunca
as lágrimas misturam-se com
a maquiagem borrada da última noite
e caem negras

Sinto um vazio tão imenso
que chega a sufocar
com expectativas de nada

Surge um velho mundo cinza
pra onde não quero mais voltar

Uma dor que dói por dentro
sem saber porque sofres
apenas lamenta

Olho ao redor e não vejo
nada pra mim
nem os sorrisos, nem olhares
tampouco declarações

Sinto uma falta de ar
ausência de sonhos
e a quase morte de uma esperança

Cogito a possibilidade
de o problema estar comigo
porque sempre vejo
o fim antes do meio

Queria ouvir ecos
do que estar errado
mas, só ouço minha própria voz
e ninguém responde

Tenho sede, tenho fome
ânsia de viver qualquer coisa
que tire-me desse estado
de nostalgia involuntária

Não cobro demais
as pessoas sim
se doam de menos
talvez pelo mesmo medo que tenho

Não quero mais conselhos
nem expressões piedosas
muito menos momentos isolados
do que deveras sobrou pra mim

Que o mundo perca a cor não posso permitir
já jurei isso em algum pôr-do-sol
sem testemunhas
e com algumas amarguras

Tenho medo desse estado
de angústia permanente
que parece nunca me largar

Achei o meu ópio
ele exala um cheiro que acalma
e alguma fumaça

Só isso
uma música e algumas palavras
para aplacar essa raiva
que sinto até de mim

Sinto-me tão só
com um monte de lembranças
que não valem-me de nada

Ocupo-me de um vazio
um desamor
e essa dor....

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Mágoa


Ando meio desconfiada
de que esse mau humor insistente
e essa irritação desenfreada
são culpa de algumas mágoas

Suspeito que esse desgosto e amargor
sejam maus frutos de uma convivência distante
de quem unicamente deveria estar perto
mas, preferiu quebrar o elo

Nunca tenho quando mais preciso
não sou bem isso que reflito
e talvez nem sirva
como esse modelo quase imperfeito

Senti falta em cada data que deveria estar contigo
e que tive que ir atrás de um abrigo
para poder não congelar
e ver o outro dia chegar

A casa ficou vazia
o silencio passou a fazer companhia
mas, meus medos, frustrações e decepções
ainda não apareciam

Rezava, chorava, indagava
muito mais por ti
que eu achava que não entendia
e por isso perdoava

Só que nunca ganhei nada
e junto com os anos
foram-se boas partes de mim
que pensava não fazer falta

Agora cobram o preço
de tanta desesperança
e falta de propósito
dessa divisão forçada

Vejo que não mudou nada
sua companhia não me acalma
e por mais que eu tente
nunca será como antigamente

Achas que não preciso de ti
que sou forte o bastante
para continuar sendo perseverante
sem nenhuma palavra

Acontece que vejo
meia dúzia de conselhos
e alguns cabelos brancos
que não são por mim

Chegou achando que podias mudar tudo
sem se importar nenhum segundo
com o que eu já tinha recolocado no lugar
para você nem notar

Pelo visto nunca serei boa o bastante
ou digna de um elogio
é que na verdade nunca vais notar
o quanto lutei para aqui ficar

Estamos
cada um no seu canto
guardando sofrimentos
e acumulando mágoas

Já tentei falar
chorei até cansar
rezei até adormecer
e fui fria para não transparecer

Mas, parece que nunca vamos superar
a falha do destino
que levou nosso passarinho
que cuidava de todo o ninho

Se é assim que tem que ser
vou tentar não mais notar
que finges não se importar
com uma filha mal criada

Os ressentimentos
vou tentar sufocar
com o amor
que me restou para viver...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Amor ou desejo?


Eu penso em ti
o dia inteiro!
Isso é amor ou desejo?

Do amanheço ao anoiteço
és a única saudade que sinto!
Isso é amor ou desejo?

Não esqueço os teus beijos
e ainda sinto o calor do teu abraço!
Isso é amor ou desejo?

Ando rindo sozinha
e sonhando acordada...
Isso é amor ou desejo?

Meu coração bate forte
e o sangue corre quente!
Isso é amor ou desejo?

Seu cheiro é o que sinto
e entre todos os sentidos és o único que não domino...
Isso é amor ou desejo?

Sinto um frio seguido de calor
e uma calma quando ao teu lado estou...
Isso é amor ou desejo?

És meu terno motivo de felicidade
em dias amargos e cinzas...
Isso é amor ou desejo?

És a vibração que faz meu corpo estremecer
e a presença que quero ter!
Isso é amor ou desejo?

Tu me despertas todos os meus pecados
tentações, emoções e sentimentos!
Isso é amor ou desejo?

É no teu olhar que me vejo
e no teu coração que quero me guardar
Isso é amor ou desejo?

É contigo que quero sentir arrepios
e a tua mão que quero em meus cabelos
Isso é amor ou desejo?
*******************


Isso é um desejo de amor
e esse amor é o que desejo!
Pois o que seria do amor sem o desejo
e do desejo sem o amor?

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Cansada


Cansada
de ver tudo ao contrário
de viver de par em par
e não poder desabar

Cansada
da cara amassada
do mau humor constante
e de tudo durar um instante

Cansada
de ver a lua solitária
perceber o rio passar
e nada encostar

Cansada
de indagações insensatas
cobranças indevidas
e reconhecimento não visto

Cansada
de angústias constantes
ansiedade insistente
e dúvidas permanentes

Cansada
de ver defeitos repetidos
incompreensões reticentes
e dívidas não pertencentes

Cansada
de palavras repetidas
sentimentos redundantes
e soluções desastrantes

Cansada
de nunca mudar nada
da vida não facilitar
e dessa vontade de amar

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Mais uma dose


Sofrimento
pra mim é passageiro
porém, a tristeza dura um pouco mais

Acho bonito as pessoas
que sofrerem por amor
desde que não haja tanta dor

Meu pesar é diferente
bem longe do de muita gente
não é muito consciente

Mas, estou mudando
não tenho mais a mesma energia de antes
que escondia tudo que eu sofria

Tenho pensamento loucos
dizem que sou insana
até leviana

Porque finjo não querer
quero por querer
e decido não saber

Dizem por aí
que não sou muito “normal”
e talvez não seja mesmo

E se quiser saber
gosto de ser vital
abstrata e neural

Sou intensa
à flor da pele
à beira do abismo

Minha força vem
do meu mais profundo inconsciente
nem um pouco eloquente

E assim vou vivendo
sabendo lidar melhor com meus problemas
tornando minhas crises existenciais menos constantes
porém não menos provocantes

Sou mais mulher
mais segura
e até mais serena
ainda um pouco inconsequente
irritada, ansiosa e impulsiva

Só preciso de mais uma dose
de coragem, sonhos e amor...

Sou feliz com a minha loucura
enquanto muitos são tristes
com tanta lucidez

Sou com sou
e é assim que gosto de ser!
Tenho uma dose de loucura
e outra de doçura...