terça-feira, 28 de abril de 2009

Ocupado


Tenho ocupado o silêncio
com os ruídos do meu pensamento
as noites com minhas insônias
os sonhos com meus desejos

Tenho ocupado a solidão com minha presença
o passado com minhas aspirações de presente
o futuro com minhas insólitas perspectivas
as horas com um outro tempo

Tenho ocupado as estrelas com minha tristeza
o sol com minha ausência
o rio com minha falta excessiva de lágrimas
e o mundo com meu eterno vazio

Não quero ocupar mais nada
então vou tentar preencher-me de qualquer coisa
de mim mesma...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sou


Sou o que grito e o que calo
O que escrevo e o que apago
O que assumo e o que nego
O que amo e o que odeio

Sou o que o eu quero
e também o que quero não querer
Sou anjo e demônio
Controversa e desconexa
Prolixa e destoante

Posso ser seu sonho e você meu pior pesadelo
Gosto de doces e amargos
Sinto felicidades tristes
e tristezas felizes

Sou fogo e sou brasa
Gosto de lua cheia e de estrelas
Falo pelos olhos
minto pela boca
e tenho o costume de camuflar sentimentos

Posso te amar ou te odiar
e isso pode alternar
por frações de segundos
com motivos ou sem ruídos

Carrego mágoas que finjo não recordar
convivo com medos que tenho receio até de penar
tenho pavor da solidão
e faço dela minha mais fiel companheira

Sou calmaria e turbilhão
meu coração um furacão
Carrego um vazio que já faz parte da minha alma
e acho que nem me acostumaria mais sem ele

Sou melancolia e nostalgia
Tenho um instinto pessimista
mas, geralmente consigo o que quero

Sou feliz quando menos espero
gosto do acaso
e acho que tudo já vem meio que predeterminado

Não vivo de passado
mas, confesso que adoro rever pensamentos
momentos
e até falsos sentimentos

Sou isto e não sou nada
Talvez eu queira apenas te pregar uma peça
para que você entenda meu lado errado
e aí então me descubra de fato

Se eu fosse tudo que desejo
não caberia em um dia
nem em uma vida
muito menos em mim mesma

Apenas por prazer?


Porque mentes pra mim?
Porque brincas com a minha emoção?
Para o seu bel prazer
de ver-me iludida e enganada?
Por uma simples vaidade
de ver-me demasiada frustrada
e cheia de traumas?

Porque finges ser a mais pura verdade
aquilo que nem existiu em um ato?
Porque maqueias com cores cintilantes
esse olhar destoante e distante?

Porque joga com as palavras
e envolve-me nessas trapaças desavergonhadas?
Porque não paras de confundir-me
com esses sentimentos pobres e falhos?

Será que tua alma é tão egoísta
que não permite uma partida
de quem você não ama de fato?

Porque se isto que me ofereces for amor
declaro que se sensato for
não o oferecerias a nenhum caso
quanto mais ao acaso

Porque és pequeno e mesquinho
achas que pode torturar-me
com inverdades
de baixo quilate?

Não! Parei!
Não entrego-te mais nada!
Nem mais um minuto do meu tempo ou da minha agonia...
Já devia ter aprendido isso um dia
mas, gosto de desafiar
a lógica das relações artificiais...

Não quero ferir-te a auto-estima
você até que satisfez-me o ego no momento certo
mas, cansei de arriscar
o que ainda resta-me da verdade maquiada dos corações errantes...

Verdadeiramente digo-te:
Mentiras sinceras não me interessam mais...
quero sentir borboletas na barriga!!!!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Sempre quero mais


Sempre quero mais
ar para respirar
tempo para o tempo
lua para as noites

Sempre quero mais
presenças e ausências
achar-me para perder-me
“ópio” para o ócio

Sempre quero mais
flores e bilhetes
cheiros e gostos
suores e salivas

Sempre quero mais
sons
sussurros
gritos e
silêncios

Sempre quero mais
eufemismos e
cavalheirismos

Sempre quero mais
borboletas na barriga
calafrios
e mãos frias

Sempre quero mais
verdades inventadas
realidades surreais
e fugas desconexas

Sempre quero mais
batidas descompassadas
sentimentos desenfreados
e calmarias nos atos

Sempre quero mais
não querer envolver-te
no meu querer

Sempre quero mais
fazer-me companhia
para não precisar da lembrança dos dias
que quis mais não querer-te

terça-feira, 21 de abril de 2009

Fora do lugar


Às vezes tenho a sensação de que tudo está fora do lugar
e parece estar mesmo
Não sou mais a mesma
guardo mágoas em mim
a solidão virou a mais fiel das companheiras
e já não confio mais em ninguém

Minha alma anda perdida em uma imensidão
cheia de incompreensões, insatisfações
tristezas e rancores

Não sinto mais o perfume da rosa
as estrelas não iluminam mais o céu
a lua anda escondida entre as nuvens
e o sol anda se pondo antes da hora

Só ouço o barulho insistente dos grilos
os ecos do meu pensamento
e os ruídos da noite se confundem
com o som das minhas angústias

As feridas voltaram a sangrar
está tudo ficando cinza
e eu tenho medo
dessa tristeza reincidente

Tem dias que a dor fecha minha garganta
mas, hoje as lágrimas finalmente conseguiram rolar pela face
estava quase sufocando
perdendo o ar e os sentidos

O vazio anda maior ainda
meu olhar mais distante
sinto o compasso da respiração
mas, não mais o coração
parece que me arrancaram tudo
inclusive a minha própria verdade

Os dias continuam passando
pois o tempo é implacável
e vou retomando meu lugar por trás da janela
apenas observando e pouco vivendo

O que me resta
vai calando
deixando de lado todo esse desabafo
pra fingir que essa não sou eu

Como sempre tenho que juntar os cacos
trocar as flores do vaso
cumprir a rotina dos dias
sem me importar com a frieza dos meus restos de sonhos
com a dor da saudade
com o enfraquecimento do meu coração
e endurecimento da minha alma

Acho que sou eu que estou fora do lugar
me acostumei a sufocar sentimentos
fui muito fundo nesse momento
preciso de um banho quente
de cafeína
e de algumas horas da lua
para tentar voltar pra algum outro lugar
mais parecido com a frieza dos meus enganos

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Já faz algum tempo...


Já faz algum tempo que você partiu
mas, não posso dizer que a gente não se despediu
Naquele olhar, naquele beijo, naquele silêncio
estavam expressas as mais belas palavras sobre o verdadeiro amor

Tive tempo
de ver a tua luz
e de entender a sublimidade que envolve o grande mistério
dos encontros e despedidas

Já faz algum tempo que não sinto mais teu cheiro
que não ouço tua voz, que não vejo teu sorriso
que não sinto seu abraço, que não tenho mais o aconchego do teu colo
que não recebo mais teus conselhos

Mas, sinto você por perto
presente na força que me faz lutar
na energia que me fazer viver
e na felicidade que aprendi a buscar

Já faz algum tempo que que eu sinto essa saudade
que fujo um pouco da realidade
que fiquei um tanto mais endurecida
e com poucas lágrimas

É que eu aprendi com a dor e com a solidão
que preciso caminhar com meus próprios pés
É que depois da tua ausência
tudo parece pequeno

Já faz algum tempo que o pensamento, os sonhos e as intuições
são meu único caminho até você
que as memórias, as lembranças e os ensinamentos
são meus únicos acalentos

E cada vitória dedico a ti
na certeza de que estás comigo em todos os momentos
sorrindo ou chorando
pois sei que caminhas ao meu lado

Já faz algum tempo que não sei direito contar o tempo
pois tenho seu rosto no fundo dos meus olhos
como se há um minuto atrás
tivéssemos trocado um “Eu te amo” em silêncio

Meu Anjo Guardião
Minha Estrela Guia
Talvez eu ainda não tenha aprendido a rezar, então só sei dizer:
Mãezinha eu quero te ver lá no céu...