quarta-feira, 27 de julho de 2011

Gerundiando


Venho achando
Que eu mesma posso me curar
Da maioria das supostas tristezas
Que meus vãos pensamentos
Insistentemente permitem ser minhas

Surjo aprendendo que o tempo é outro
Tanto pra comemorar, quanto para esperar
Sorrir ou chorar
E não importa quanta pressa a gente tenha
Tudo demora o quanto tem que demorar

Ando descobrindo
Que realmente não adianta
Esperar que alguém nos carregue
É preciso ter força para andar com as próprias pernas
E às vezes seguir um caminho um tanto quanto solitário
Para alcançar o equilíbrio desejado

terça-feira, 19 de julho de 2011

Distante



Já faz um tempo que venho tentando me explicar
Buscando entender o motivo de tanto lamento
Parece que tudo foi triste
Que apenas de sofrimentos me alimentei
Tanta dor, tantas imagens negativas
Que se formam pelas palavras
Que pareço uma vítima de mim

Não foi sempre assim
Tiveram momentos lindos
Que continuo sem saber como contar
Mais uma vez me vejo tentando elucidar
O que nunca soube parafrasear
Mas, não lastime
Não fui tão triste assim
É que sempre senti cada gota de orvalho
Como o prenúncio de uma tempestade

Esses sentimentos
Por hora parecem que nem foram meus
Lembram um passado muito distante
De um filme em preto e branco
Gravado com outro personagem que não eu
Mas, estreei com certeza
Fiquei em cartaz várias temporadas
E foi essa enseada que me transformou em borboleta

Um novo olhar



Estou aqui pensando em tudo que já me passou
No que desejo pra amanhã, e pra depois de amanhã
Nas pessoas que por minha história transitaram
De como tudo já foi tão fácil, difícil
E na maneira com que a vida se transforma a cada instante

Observando como sempre fui desproposital e desproporcional
Mas, com muita verdade
Lembrando de todas as vezes que senti
O amargo do meu paladar ressaqueado
E de cada vez que entreguei-me à fiapos de sentimento
Que passariam logo na seqüência
Da minha fase de imensidão catastrófica

Sempre fui tão profunda, densa, imersa
Que me esqueci de ver tanta coisa boa
E acabei perdendo o tempo de escrever
Belos versos estilizados sobre todo esse aprendizado
Só consegui até agora contar o quanto doeu
Mas, quase nunca consegui narrar o que depois se sucedeu

Não sei se mudei tanto assim
Talvez apenas a forma de ver que não adianta morrer
A cada problema que a vida nos impera transmutar
É que também hoje tenho um amor sadio
E isso me faz suportar de forma inimaginável
Tudo que antes me fazia penar de forma tão lânguida

Acho que fui me reparando por dentro
E as aflições começaram a se passar aqui fora
Antes o que eu não entendia
Era a mim mesma
Não suportava meus pensamentos confusos
E meu eterno sofrer repercussivo
Que sempre voltava para o mesmo ponto de partida

Atualmente o que me preocupa
São coisas reais que tenho que dar conta
É não saber lidar com as mudanças provenientes das perdas
E o fato de não conseguir ainda alcançar um equilíbrio emocional
Para lidar com essa vida de adulto
Que não pára um dia para que eu volte para o meu quarto escuro
Onde tudo que eu temia eram os pesadelos

Talvez hoje o fardo seja ainda mais pesado
Pois não sou só eu que dependo de mim
Mas, sigo pedindo força para evoluir
E olhando para os lados sempre
Vendo o verde da natureza, as cores da felicidade,
E os sabores de uma vida que só tem graça
Se for vivida passo a passo
E com um grande amor ao lado

sábado, 16 de julho de 2011

Como a gente faz agora?


Como a gente faz para parar de doer
O martírio da saudade de alguém que foi embora?
Como a gente faz para ter de volta aquele amor
Que a gente só sente uma vez na vida?

Como a gente faz para continuar
Sem medo de que essa saudade nunca passe?
Como a gente faz para consolar alguém que ficou
E que agora só tem como companhia lembranças e solidão?

Entre muitas outras coisas que não sei
Essas estão entre as que mais sufocam
Queria ser melhor, mais amiga
Mas, se não sei nem lidar com a minha dor
Como faço então para acalmar o coração
De quem também não se conforma?

Acho que sou uma filha ruim
E não sei bem como alterar isso
Esse entrave sempre existiu
E agora que ainda dá tempo de mudar
Continuo sem saber como fazer diferente

Estou cometendo os mesmos erros
Que antes tive a “sorte” de me redimir
E se agora eu não tiver o mesmo tempo de falar de amor?
Será que nunca vou conseguir ser gente o suficiente
Para ajudar e amar quem só tem a mim para continuar?

Não vou fingir que já consigo
Não sei bem o que acontece
Essa falta de paciência e resistência
São meus principais pecados dessa existência

Queria me dividir em duas
Porque não sei como dosar nada
Tenho que partir e ficar
Preciso continuar e formar meu lar
Mas, como fazer isso sem “abandonar”
Quem só tem a mim como referência?

Peço a Deus sabedoria e respostas
Suplico aos anjos um pouco de discernimento
Sofro tanto e só tenho a mim para culpar
Queria ter o mundo para jogar
Essa agonia que persegue todo tempo

Mãe, não tem um só dia
Que eu tenha passado sem pensar em você
Lembro dos seus ensinamentos
E peço perdão sempre
Por não ser tudo que você almejou para mim
Quando eu era ainda bem pequena e nem entendia

Eu sou só isso aqui que foi dando para conquistar
Desculpa se não consegui me superar
Continuo aqui cheia de defeitos, fraca
E sem conseguir cuida do pai
Mas, é que ninguém me avisou disso antes de você partir
Se não teria dito: não vai dar para superar

Agora não consigo aceitar
Que não tenho ninguém para cuidar de mim
E que tem alguém que precisa dos mesmos sacrifícios
Quem um dia você fez por todo amor que sentia por nós
Admito, simplesmente não consigo continuar seu legado

Dói, vai doer sempre
Vou me emocionar, chorar, sorrir, lamentar
Toda vez que lembrar de você
Mas, machuca muito mais ao pai
Porque foi ele quem perdeu a companheira de toda uma vida
E nem de longe ele sabe como superar isso

E agora como a gente faz para continuar?
Alguém me diga...
Terá uma fórmula mágica?
Só me resta pedir a Deus que coloque tudo no lugar
E que eu tenha tempo, que meu pai tenha tempo
De ver e presenciar tudo que você desejou para nossa família

Tudo vai dar certo não é?
Uma voz dentro de mim diz que sim
A sua força me faz acreditar
Sei que você me ouve, me vê e me guia
Então me diz como faz...