segunda-feira, 31 de agosto de 2009
sábado, 29 de agosto de 2009
Dor
Sou toda dor
tristeza
e lágrimas
Meu amor me deixou
essa madrugada
mas, ele já vinha me deixando
há muito tempo
Em cada palavra por mim proferida
e mau entendida
a cada comportamento
julgado
e mau interpretado
em cada cigarro tragado
Pra você fui apenas
um monte de sentimentos
falsos e forçados
Mas, foi você
que fez de mim
gato e sapato
Esqueceu de perceber
o que era pra ser visto
e sentido
Você estava ocupado demais
olhando pra si mesmo
e pra o seu próprio umbigo
Agora veja você
o que fez comigo
Me apaixonei
me dediquei
sonhei
e até me atropelei
Numa ânsia angustiante
de tentar fazer você notar
que já não sou como era antes
Não tenho muito a explicar
tentei fazer isso de todas as maneiras
mas, você pareceu não notar
Nada disso tem sentido
pois, no alto da sua frieza e sensatez
eu não me encaixo em você
Diante disso o que se há pra dizer
apenas ouvir:
- eu não me apaixonei por você!
Você conseguiu
entrego os pontos
pelo mínimo de amor próprio que me resta
Vi o dia amanhecer
e todas as minhas esperanças irem embora
com a lua que iluminava meu coração
Ainda não acordei
porque ainda não dormi
talvez com medo de entender
que esse não foi apenas um pesadelo
E agora o que faço pra ter minha paz de volta?
Ver a noite virar dia
e o dia virar noite
pra tentar encontrar
nos milésimos de instantes
entre o cair do sol
e o surgir da lua
meu coração de volta
Não quero mais ninguém
não quero mais o amor
pois pra mim ele
só trouxe dor
Vou tentar preencher-me
com qualquer coisa
de minha própria solidão
Quem sabe um dia
eu volte a te procurar
pra dizer que eu te esqueci
ou que esse amor nunca saiu de mim
Sou toda dor
tristeza
e lágrimas....
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
EU
Onde foi que me perdi...
Onde estão os meus sonhos
Minhas fantasias
Onde eu fui parar...
Só tenho cacos
frangalhos
pedaços...
Acho que sou uma farsa
Uma hipocrisia
Que prega ser complexa e controversa
Só porque não sabe como virar dia
Vejo veias, marcas e rugas
Sinto-me velha
Muito mais de espírito
Do que supõe minha
Derrocada aparência
Não tenho mais aquela alegria
Descompromissada
Que fazia tudo valer a pena
Sem pensar nas conseqüências
Agora o peso da idade
Das responsabilidades
Caem sobre mim
De uma forma onerosa
Para minha armadilha
Torno-me amarga
Fria
Irritada
Angustiada
Mau-amada...
Cada lágrima
Carrega o peso
Do impreciso sofrimento
Que carrego no peito
Meio sem jeito
Elas são contadas
Doídas
Esperadas
Acompanhadas
De todas as dores
Mal sentidas
Não sei mais quem sou
Pois não sei onde quero chegar
Nem que sonhos ter
Tenho medo que me pergunte
O que eu vou ser quando crescer
Eu não me basto
E essa tentativa desenfreada
De preencher-me do outro
Para ocupar-me de algo
Faz-me perceber
Que eu preciso de algo além de mim
Para saciar-me
Procuro e não acho
Não ocupo
Encho-me de decepções
Perdas
E frustrações
Que coleciono
Por querer preencher-me
Com algo além de mim
Firo-me o ego
A auto-estima
Pouco de orgulho ferido
Vislumbrando um castigo
Por algo que nunca tive culpa
Pois que culpa tenho
De precisar do amor para viver
E não falo do amado
E sim do amor
Ele que me traz qualquer coisa de viver
De ser feliz
De respirar
De acordar
De anoitecer
De tanto ser só
Tenho medo da solidão
Que me traz certa fobia
De qualquer companhia
Já me tiraram tanto
Roubaram-me tantos sonhos
Que agora não durmo
Com medo de pesadelos
Em que mostrem
O espelho
De um futuro
Sem presente
Muito passado
Eu finjo
Que está tudo bem
que eu só me basto
mas isso é uma farsa
de uma atriz mirim
que nunca encenou nada
Não sou ninguém
E sou toda marcada
Por cada esperança minha tirada
Cada perda não chorada
E cada amor derrotado
Não sei onde me perdi
Nem onde me achei
Nem tenho essa
Auto-suficiência imposta
Que muitos vêem em mim
Sou mais frágil que o seu pensamento
Mais forte que o meu pensar
Maior que tudo isso
Sou uma confusão
Não quero guardar mais nada
Em meu coração
Quero é outro combustível pra viver
Cansei de preencher vazio com amor
Isso só traz dor
Vou expulsar todos os fantasmas
Não quero mais lembranças
Das presenças
Muito menos das ausências
Quero recomeçar
Mesmo sem ponto de partida
Ou referência
Pois culpei muito aos outros
Agora é hora de pensar em mim
Em tudo que deixei pra lá
Inclusive nos erros que tentei camuflar
Eu quis sufocar toda a minha vida
Todo o meu vazio
Todas as minhas perdas
Com sorrisos tristes
E friezas inventadas
Agora cobram a conta
Dessa farsa inacabada
Vou continuar com minha dor
Minhas marcas
Perdas
Mas não quero que esqueça
Que estou lutando mais do que pareça
Para ocupar-me de mim mesma
e não hei de deixar essa tristeza
ocupar-me mais do que algumas horas
com certeza
Eu calei
Pensei
Sufoquei
Chorei
Precisava dessas verdades
Para medir minha vida
Não se precipite
Nem eu tirei conclusões ainda
É que a xilocaína
Só faz efeito pra garganta
E não pra o coração...
Enquanto não acho a medida
Vou contando os passos
E os atos
Desse cenário imaginário
De uma vida real...
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