quinta-feira, 13 de junho de 2013

Parto


Alguns textos parecem filhos: várias tentativas, nove meses pra gestar, uma dificuldade pra parir e no final ainda podem nem prestar...

12 de junho



Ontem eu desejei flores, algumas palavras e um beijo apaixonado
Eu quis vinho, brinde e juras de amor
Sonhei com algo romântico e que custasse apenas boa vontade
Confesso que esperei uma canção, um luar e um botão
Mas, tudo foi em vão

Tive que me contentar com Feliz Dia dos Namorados direto do vaso
Um dia inteiro sozinha
E um jantar nada convencional

Então, o que me restou foi invejar declarações de quem eu menos esperava
Me emocionar com o amor dedicado a outros
E quase querer trocar de namorado!

Sempre dúvidas


Ultimamente tem sido difícil
As palavras gritam, mas quase nunca explodem
Se perdem, divagam e não se formam
Agora tudo se passa aqui dentro

Não consigo mais me explicar
Achar um veredito que satisfaça
Nem mesmo que me aquiete a mente

Sinto-me fraca, confusa
Tentando me acostumar, me acomodar
Só percebo um movimento inconsciente de anulação
Do que realmente sou e desejo

Só enxergo dúvidas
Inquietações da alma
Que não sabe se pede muito ou se satisfaz com pouco

Sempre quis chegar onde estou
E acho que vivi minha vida inteira esperando esse momento
Mas, não sei mais se esse é o meu lugar
Não tenho certeza se esse é o fim que eu quero

Confesso que sonhei com palavras, carinhos, gestos, surpresas e flores no jardim
Desejei sentimentos intensos, gargalhadas, velas, vinhos, amor, paixão
E até pedidos de perdão
Mas, parece que o que consegui foi apenas algo raso, machucado, traumatizado e sem disposição

Não tenho culpa do passado
Não trago quase nada comigo
Então porque tenho que simplesmente ajudar a carregar tanta bagagem?

Às vezes dá vontade de dizer chega
De partir sem deixar aviso
De recomeçar em outra estação, outro porto, outra vida
Me sinto cansada de tanto esforço e pouco resultado
Fadigada de tanto desejar que a vida dê uma aliviada

Sempre tive que lutar tanto
Nada me veio de graça
E apesar de dizerem que isso tem mais valor
Eu só queria que pudessem existir bônus-extras

O que me deixa intrigada
É que obviamente existe um outro lado
Que parece perfeito
Mas, não o suficiente aos olhos do meu desejo

São as dúvidas que me matam
A falta de uma certeza que me prende
A sensação de que eu só enxergo um palmo me atormenta
A suspeita de que amanhã ao menor gesto de Morfeu tudo isso se repreende
Me enlouquece e me deixa perdida de amor
São contradições que me sufocam e me matam em meus próprios desejos

Ao final, mesmo com todo o parto de palavras eu continuo em partes
Achando tudo questionável
Duvidoso e até delituoso, visto que eu sou quase a única culpada

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Sobre a minha confusão...




Tenho que confessar que errei
Misturei sentimentos
Me precipitei, falei o que não devia
E magoei quem menos merecia

Essa minha confusão precisa de simplificação
Até parece que tenho medo de ser feliz
Por isso fico buscando no passado motivos para a minha insatisfação
Que nem sabe ao certo porque ainda existe

Fico botando defeitos, procurando meios para me autossugestionar
De que isso não é bem isso que eu quero
Mas, é sim! Está na minha frente, claro feito água...
E eu insisto em idealizar um conto de fadas que nunca existirá

Fico buscando a perfeição através de retalhos do passado
Um pouquinho daqui, outro dali
Que não dão forma a nada
Só à insatisfação do meu imaginário

Chega! Não quero olhar mais para trás
Se o passado fosse o ideal eu teria ficado por lá
Se o destino me fez seguir em frente foi porque eu precisava conhecer gente
Que me fizesse entender que a vida é real

Agora cá estou eu, sentada, estupefata
Cheia de erros, defeitos e arrependimento por ter falado demais
Com medo de crescer, amadurecer
E de entender que os pecados são meus e não dos outros

Fui eu que lutei até conseguir e depois não soube o que fazer com o prêmio
Fui eu que tornei tudo possível e cansei do resultado
Fui eu que não soube valorizar o alazão que foi domado e caiu de amores pela dama

A culpa é minha, toda minha!
Eu sempre apontei todos os dedos e esqueci de me ver no espelho
De uma forma egoísta sempre quis enfrentar desafios e viver com emoção

Mas, o que acontece de verdade é que eu esqueci que o dia a dia é uma batalha que precisa ser valorizada
Que a conquista de cada beijo de boa noite é um desafio
E que manter a chama acesa tem muito mais graça do que o sonho que me prendia

Então, hoje, agora, nesse momento
Eu rompo com todas as barreiras
Me despeço do passado
E escondo o livro da cinderela

Adeus! Vou desembrulhar o grande presente que Deus me deu
Eu não volto mais! Não sou mais caranguejo, apesar de continuar canceriana
Vou seguir olhando para frente, dando um passo de cada vez
Assumindo minhas fraquezas, mas amando
Amando, amando, amando muito minha nova morada
Que me faz estar bem resolvida aqui dentro