segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Marcas


O sorriso, o olhar, o jeito de falar
a cara massada ao acordar
o bom dia meio sem graça
cheio de marra
o erro querendo acertar
o pedido de desculpas que faz calar

O jeito de arrumar o cabelo
as promessa impagáveis
as juras eternas
a lágrima não derramada
a palavra não dita

A trilha sonora
o suspiro, o cheiro, o gosto, o desgosto
o salto, o sobressalto, o enlaço, o desenlace
a lua que estava cheia, o sol que brilhava
o rio que banhava

As flores não dadas
os cartões guardados
os presentes e as ausências
o temperamento e o tempero

O ciúme, a posse, a liberdade
os lugares inexplorados
as fotografias, a falta de registros
as capturas oculares

Os sonhos, as ideologias
a tarde fria, a noite quente
o vinho sem jantar
o violão sem luar
o barco sem velar
a lua sem o mar

O abraço, o aconchego, o desprezo
o ar e a falta de ar
o ir e o ficar
a memória, as lembranças e a saudade

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Desejos


Queria poder ter tudo aquilo que desejo
mas, isso seria demasiadamente arriscado
já que desejo o que não posso ter
e o que não devo querer

Sou um turbilhão
e o que hoje quero
amanhã já não quero mais
então, como desejar ter
o que amanhã não vou amar

Desejaria só por um dia entender toda essa confusão
fazer uma visita ao meu coração
ser um turista nos meus sentimentos
ou um decodificador de sonhos

Essa loucura parece não ter fim
e a cada dia que passa
a ansiedade consome meu resto de sanidade
e a minha alma

Nem sei mais o que desejo
fico louca por seus beijos
mas, só por hoje
pois amanhã não te quero mais
ou quero não querer-te

Isso não é proposital
e de tão casual
acaba ficando banal

A culpa é do meu coração
que não decide então
o que desejar
nem pra onde olhar

E eu vou seguindo
desejando não ter desejos
querendo não alcançar teus beijos

O que eu desejo de verdade
é amar-te
alguém para amar-me
e desejar
calar-me o resto de solidão

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Ainnnnnnnnnnnn


Tem dias em que tudo me irrita: a água fria, o tempo quente, a comida mal temperada, o cabelo sem brilho, as gorduras localizadas, os primeiros cabelos brancos, as celulites, e as iniciais marcas de expressão. As conversas e as vozes tornam-se insuportáveis. As desculpas não me interessam, os versos não me completam, a música não me agrada, os sentimentos não me comovem.

Percebo que preciso de óculos, menos ócio, e mais “ópio”. Evito pessoas, presenças e telefonemas.
Me entupo de chocolate e fico com desejo de sumir em meio ao nada.

Não consigo concluir etapas, fechar ciclos, daí vou me dividindo e perdendo-me onde acho. Sofro de mau-humor repentino, e em um minuto eu posso te odiar, nesse caso prefiro me afastar, pra não ter que me desculpar quando isso tudo passar.

Só dá vontade de chorar, comer e me isolar. Entro em crise de carência e existência. A nostalgia e o tédio viram companheiros e a minha presença insuportável. Até o amor fica sem graça, e eu não quero nem te ver no portão da sala para não abusar tua cara.

Acho melhor então ficar em casa, poupar a tua raiva e a minha serotonina baixa...

Tudo isso por causa... de uma TPM braba!!!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Não sou



Ser poeta é deixar transparecer
tudo aquilo que a maioria das pessoas tenta esconder...
Não sou poeta
mas, extravaso sentimentos!

Em branco


O silêncio da noite me tranquiliza
traz calmaria
transforma fogo em brasa
lembranças em nostalgia

O sol foi embora
e levou com ele todas as agonias
que retribuíam
ao meu ócio dos últimos dias

Estou sem inspiração
nem a lua e uma bela canção
fazem-me ter idéias
e as páginas vão continuando em branco

Olho, escrevo, apago
retomo e reato
mas, tudo não passa de versos desconexos
e sem nenhum entusiasmo

Acho que estou em crise
e tenho medo que essa reincidência
cause sequelas aparentes
e transtornos para o meu inconsciente

Deixa então eu aproveitar a noite
para descansar meu coração
acalmar minh'alma
porque logo vai ser dia

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O amor é brega


Acabei de escutar que o amor é brega
que dizer eu te amo é cafona
daí eu me pergunto
no que se transformou o amor?

Isso me faz pensar que talvez ele nem exista mais
pois as relações hoje são diferentes
não se fazem mais amantes como antigamente
não existe mais intensidade em nada

Simplesmente as pessoas se relacionam por conveniência
por uma bela aparência, cifrões ou acordo de corpos
parece existir apenas uma reles convivência
e uma boa pegada

Pra maioria dos jovens isso basta
e todo o resto vira fumaça
perdida em meio a trapaças
e belas noitadas

Não me venha com novas teorias
o amor pra mim vai existir um dia
não me venha com tanta modernidade
pra que o amor acabe

Sou aberta e consciente
de que as coisas andam meio mudadas
mas, não abro mão do amor
ainda que pareça antiquada

Talvez apenas por pirraça
eu fique cafona pra mostrar-lhe o amor
ou talvez não
porque o amor parece não merecer-te...

Ah, se tivesse explicação


Ah, se a paixão tivesse explicação
eu não viveria assim
achando que as horas não tem fim
e que a saudade é sentimento insistente

Ah, minha vida, meu amores
que nem sei direito se fosses
guardo tantos pedações em mim
e me perdi em tantas partes

De repente tudo volta
tentando me sufocar
e aí só me resta pensar
que vontade dá e passa

Vontade de viver momentos
matar saudades
viver outras verdades
fazer outras escolhas

Vontade daquele abraço
daquele braço
daquele barco
daquele acaso


Ah, meus sonhos, minhas fantasias
que se fizessem dia
não me faltariam sóis
que em noites
não me faltariam luas

Ah, minhas dores
que de tão sufocadas fostes
pareciam não existir
pela pressa de ir

Ah, meus senhores
que se condensá-los fosse
morreria de amores
e viveria de ébrio

Ah, memórias
que não deixam esquecer-me de nada
nem dos mais distantes dias
que contigo dividia

Ah, pobre coração
que guarda tantos rubores, humores e amores
que não deixa passar nada
nem as paixões de pirraça

Ah, sentimento leviano
que mentes para o meu inconsciente
confunde o meu resto de lucidez
e mistura tudo em uma só alma

Ah, pobre martírio
mandar-te-ei para um exílio
para que não me deixes de castigo
pela confusão da minha emoção

Acorda pra ver!!!


Já é carnaval cidade! Acorda pra ver!
Inspirada pelos versos do compositor baiano Gerônimo, me ponho a divagar sobre o grande carnaval que bate a minha porta (quase que literalmente, pois moro a poucos metros do corredor da folia).

Carnaval de Juazeiro – o pré-carnaval da Bahia, é com esse slogan que se inicia hoje mais uma folia de momo no norte baiano. E eis que surge em minha mente as primeiras inquietações: essa ainda é uma festa popular??? qual a conotação que possui hoje?

Depois de apagado por alguns anos, o antigo Juá-Fest ressurge imponente, com o resgate de tradicionais blocos, trazendo atrações nunca antes vistas na avenida (para felicidades dos chicleteiros), os bons camarotes com all inclusive ou apenas open bar, e para apimentar mais uma polêmica não poderia faltar.

Notícia do portal SG News: “Por orientação da Polícia Militar e do Conselho Nacional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Juazeiro (CREA), ficou determinado a instalação de um portão na orla fluvial da cidade, circuito oficial do pré-carnaval, que irá separar bloco de pipoca”.

- Ué! O carnaval de Juazeiro foi privatizado???? Quase meus caros amigos! Mas, a resposta aqui não seria essa. O motivo do tal portão é para “seguridade” do folião. Ainda segundo informações do portal a medida será aplicada por questões de segurança e prevenção, devido a falta de estrutura e má conservação das placas existentes na orla, estas podem cair e provocar acidentes.

Com isso acho que o atual administrador do nosso município, que acaba de assumir, pega sua primeira batata quente – é o que posso chamar de presente de grego. Se ficou constatado que existe realmente um risco de acidentes, o melhor a se fazer é realmente prevenir, para não ter que remediar. Mas, vamos um pouquinho mais longe nisso...

Se foi detectado risco foi porque não houve manutenção ou preocupação com a infra-estrutura da cidade. Lembro-me que há algum tempo atrás esse mesmo trecho ficou interditado por longos meses (ou melhor anos), para colocação de mesas por restaurantes ou bares da orla, com a alegação de que aquele espaço ficaria reservado para o pedestre, turista, prática de lazer, caminhadas, etc. Enfim, muitos bares na época fecharam suas portas, e nada foi feito pelo lazer dos juazeirenses, nem a manutenção das tais placas agora em questão.

Então, na falta de outro paliativo imediato, sobe-se um portão e separa-se o folião de bloco do folião da pipoca! Mas, não são todos foliões? Porquê um fica de um lado da corda ou do lado de fora do portão? Com meus 26 anos ainda consigo lembrar do carnaval de rua em Juazeiro, com batucadas, escolas de samba, fantasias, e todo mundo junto se divertindo nas ruas apertadas da minha querida cidade do Vale. Que saudade...

O que infelizmente percebe-se é que há um enfraquecimento dessa festa popular. Cada vez menos ela é feita para todos. E os blocos, camarotes, e afins abrilhantam a festa para poucos. A grande maioria apenas assiste, olha e deseja estar naqueles metros quadrados (dize-se de muita gente bonita) cercados por uma corda e um monte de seguranças – que se preocupam muito mais em colocar para fora algum atrevido que não esteja com a veste adequada (o abadá), do que com o filhinho de papai que está cheirando lança ou procurando confusão bem ao seu lado.

Uma da festas mais animadas e representativas do mundo, que tem sua origem no entrudo português, num período anterior a quaresma e um significado ligado a liberdade. E acho que ainda o tem, no sentido literal da palavra, pois vi esses dias na página de relacionamentos (ahhh... orkut mesmo), de um amigo meu, o nick: - no carnaval ninguém é de ninguém. Nossa! Confesso que isso me deu um medo! Quer dizer que tudo muda no carnaval? Inclusive as relações?! Depois tudo volta ao normal? Ui! Não quero nem pensar....

Bom... dentro da corda ou fora da corda, passando pelo portão ou não, em cima ou em baixo da avenida, de abadá ou sem abadá, com pulseira ou sem pulseira, vamos para rua em paz, sem armas, e com muita paz no coração! Ah, não esqueçam de usar camisinha! O resto dessa história a gente debate depois, pois a energia do carnaval é tão contagiante que até as polêmicas viram piadas...

“Eu fui atrás de um caminhão, fazer meu carnaval, que o carnaval é feito no coração...”

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009