quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Círculos


Eu ando com um aperto no peito, uma cara amarrada, uma ansiedade sem propósito que não passa. Vejo tudo meio cinza, meio sem graça. Vivo de passado, não consigo desatar alguns nós, muito menos fechar ciclos. Ando de lá para cá, de cá para lá, e não avanço nada. Sempre falta alguma coisa, sempre quero mais, e tudo demora tanto para acontecer. Queria que fosse fácil, abrir a janela, olhar para o sol e acreditar em uma nova manhã, mas continuo gostando das noites, e a solidão ainda é a mais fiel das companheiras. Sinto saudades, de tudo, de todos, de momentos, de sonhos. Sinto a falta dos que já se foram, muito mais do que cabe em mim, mas até com isso já me acostumei um pouco. E me acostumo com tudo, me acomodo demais, muito além do que poderia. Vivo inerte, e a vida vai passando pela minha frente. Falta coragem, falta energia, falta tomar as rédeas da minha vida. E me pergunto: até quando? O que precisará ainda acontecer para que eu corra atrás dos dias? Perguntas sem respostas que se acumulam na minha agonia. Tanta nostalgia, tanto tédio, poucas perspectivas, quase nenhuma iniciativa. Tudo perde a graça tão rápido e não consigo concluir nada, nem os meus confusos sentimentos. Isso não tem mais graça. Já passei da idade de ser complicada e perfeitinha, não tem mais charme. Não aguento mais viver por amor, isso já trouxe muita dor. Já perdi um pouco as esperanças, de encontrar minha alma metade. E talvez por isso tudo tenha perdido um pouco o sentido...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Sinto sua falta


Sinto sua falta

E daí então

aparece nos meus sonhos

Lindo e orgulhoso

Como só você



Queria não pensar

Não sentir

Não provocar

Mas, é tão involuntário

Perceptível apenas aos meus sentidos



A saudade me acompanha para onde eu vá

Sinto um aperto no peito

E uma vontade de te ver

De sentir teu cheiro

Provar teu sorriso



De certo eu queria você

Não era nada pra ser assim

De você sem mim



Não entendo muita coisa

Não tenho certeza de quase nada

Apenas de que eu sonho com você

Sinto sua falta

E no final, era contigo que eu queria estar

É seu corpo que quero abraçar



Nem sei por que é assim

Eu nem queria pensar em você

Já que definiu que seu lugar não é aqui

Junto a mim

Mesmo desse jeito

Eu ainda gosto tanto da sua cara amarrada



Você nem olha mais para cá

Nem passa mais na minha vida

E eu sinto tanto a sua falta

Me deixe em paz

Pare de ser real nos meus sonhos

Saia da minha saudade

Desocupe meu coração

Já que não vai mais acalmar minha alma...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Concentração?


Minha concentração não anda muito boa esses dias. Se estou sofrendo ou cantando, feliz ou descrente ela parece não fazer as pazes com a minha mente. Isso é um martírio, pois quanto mais constato, mais ela foge. Procura lugares escondidos, confusos, duvidosos e inseguros. Nada é simplificado pra mim, tudo foge ao meu controle, e chego a sufocar de tanta angústia. Às vezes parece que vou explodir e a vontade que tenho é de sair correndo e gritando coisas sem sentido e sem razão, só pra ver se acalma meu coração. Já faz tempo que não quero mais ser assim, achando que tudo tem fim, menos a minha cadenciada linha de pensamentos tortos e vãos. Os anos de (auto) terapia ajudam-me a ver as falhas do meu alter ego, mas não sei se isso é bom ou ruim, pois apenas identifico e inerte continuo. Que agonia! Sentimentos me confundem, passados não me largam, forças me amarram, o amor ou a falta dele não me deixam andar para nenhum lugar fora de um círculo imaginário por mim criado. Há tanto que eu queira deixar! Há tanto que eu queira conquistar! A começar por uma mudança de perspectiva em torno da (minha) vida. Apesar de tudo que possa parecer, estou estranhamente feliz. Estou aprendendo a conviver com a minha própria solidão. Só não largue a minha mão.... Preciso voltar ao trabalho!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Feliz


Estou feliz
E pronto!
É só isso....
Não sei escrever sobre felicidade.

Bicho mais besta...


Mulher é o bicho mais besta que já vi na vida
Apaixona-se com um beijo
Iludi-se com palavras ao pé do ouvido
Dorme e acorda pensando no cara
Que promete ligar no dia seguinte
- que na maioria das vezes não liga
E espera... espera...
O coração dispara cada vez que o celular começa a vibrar
Ou tocar uma daquelas musiquinhas melodramáticas de amor
Ou simplesmente um: chegou mensagem pra você!
- que geralmente é mensagem da amiga desejando bom dia ou boa noite!
(Mas, pense pelo lado positivo: você tem amigos)
E ela continua pensando no cara....
Sentindo quase um amor platônico...
Platônico não porque teve beijo, alguns amassos e um frio na espinha
(esse é o grande perigo: se tiver calafrios já era... é caixão e vela preta! Rsss)
E ainda uma conversa do tipo:
Adorei ficar com você (sem hipocrisia)
A frase que nos deixa loucas – ao ponto de ter um enfarte:
- eu entro em contato!
Ai como isso dói...
E haja expectativa e caixas de chocolate pra passar a ansiedade
E as horas passam, os dias passam...
E a mulher está lá escolhendo músicas para esse momento (que ela considera único e especial) - aí entram singles como: sei que não foi coincidência encontrar-me contigo! Talvez tudo isso seja o destino....
Pensando no próximo encontro, no início do namoro, na primeira vez que dirão eu te amo, no casamento, e até com quem os filhos se parecerão...
Nessa altura do campeonato o cara ainda nem ligou...
No máximo mandou uma mensagem ou scrap (já que isso está na moda)
Provavelmente nem tenha pensado em você
E a mulher se descabelando, tentando entender os “sinais” e achando desculpas (talvez ele seja tímido)...
Rezando para que se ela não faça parte da regra (onde o cara liga no dia seguinte)
Seja ao menos a exceção...
(Chora! Me liga! Implora meu beijo de novo!)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Meu lugar



O que eu preciso é de um pouco de silêncio
de viver minha própria solidão
de me acompanhar

Na verdade eu necessitava
respirar pelos meus próprios pulmões

Eu precisava aprender a dizer não
a ser racional
de vez em quando casual
e muito mais segura

De repente tudo acontece
provando que nada é ao acaso
e que os meus fracassos existiam muito mais em mim
do que de fato

Os erros não foram tão meus
quanto me culpara
eu fui muito mais sensata
do que de costume

Hoje me perdoou
por tudo que me magoava
e por tudo que mesmo sem querer
provocara

Tudo faz parte
até meu mundo cinza
tem sua graça

O que importa agora
é a liberdade
de todos os estigmas
por mim cravados

A felicidade está nas flores
na esperança
no sorriso da criança
que nunca deixei escapar

Hoje quero sossego
porque tudo ficou simples
quero aproveitar esse momento de embriaguez
de tanta lucidez

Só quero ficar aqui na minha própria companhia
com essa leveza na alma
esse suspiro deselegante
e com esse coração quase compassado

Me deixe aqui
me deixe onde estou
não poderia ter escolhido melhor lugar...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Borboleta


A borboleta que pousou em mim
Não era do meu jardim
Veio enganada
Tonta, atordoada
Sem saber por onde voava

Outrora
Em meu braço pousara
Só para descansar
Da busca pelo seu jasmim

Pobre de mim
Que acreditei que ela voltara
Para algum lugar dentro de mim
Vá embora
Não há flores guardadas

Bateu asas
Ainda a vejo atrás de mim
Mas,
Não acredito em nada
Se não haviam rosas plantadas

Vai borboleta
Antes que eu me veja triste assim
Você até que brilhou
Com suas cores camufladas
Vou cuidar do meu jardim

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Lotado


Queria que existissem palavras suficientes
Para acalmar minh'alma
Para sufocar qualquer resquício de pensamento
Mau acompanhado
Porque aqui já não cabe mais nada

Todos os espaços estão ocupados
Por sentimentos inequívocos
Redundantes, contundentes
Tantos quanto flores, espinhos e arranhões

De nada me serve decifrar
Se não posso mudar
Essa atração por luas, fracassos
Tempestades, frangalhos
Cacos, retalhos

Releio, escrevo e vejo
Que tenho estado repetitiva
Mimada, egoísta e usurpada
De qualquer outra tentativa assoberbada
De ver-me diferente
É só compilar a repetição dos versos
Que tentam ser desconexos
Sem nenhum sucesso
E ainda por cima
Mau rimados

Não faço sentido
Já decidi mudar tantas vezes
Que meu espelho não suporta mais
Uma imagem mal passada
Volúvel, abatida e absorvida
Por tudo que consome o ego
De uma mulher de quase trinta

Nada disso tem mais graça
Cansei dessa faceta
Que não transgride nada
Só beira ao abismo
De uma confissão de adolescente
Tão frequente quanto uma acne facial

Quero ter ao menos outros problemas para pensar
Algo menos sentimental para me ocupar
De forma que minha vida pare de andar em círculos
Viciosos e onerosos
Quero viajar, pouca conta para pagar
Amigos para conversar
E palavras para desabafar

Faça parar


Não consigo me concentrar
Pensamentos tolos insistem
Em me acompanhar
Não agüento mais
Faça parar

Vou morrer no próximo segundo
Se essa angústia não se acalmar
Passa, passa, passarinho
Porque as borboletas não vão mais voltar

Minha imensidão é mar
Revolto
Quebrando nos corais
E corações

Queria ficar quietinha
Escutando notas musicais
Mas, o soluço abafado
Lembra mais o rito de um cais
Abandonado

O riso não durou mais
Que alguns momentos
Inconstantes
De uma jura eterna
De romance

Volto a naufragar
Em oceanos profundos
Mas dantes visitados
Sem nenhum resultado

Quero ser calmaria
E me lembrar dos dias
Que não precisei voltar
À deriva

Não é o fim
Já se foram vários segundos
Mas, ainda sinto
O cheiro da maresia
Faça parar