segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Lotado


Queria que existissem palavras suficientes
Para acalmar minh'alma
Para sufocar qualquer resquício de pensamento
Mau acompanhado
Porque aqui já não cabe mais nada

Todos os espaços estão ocupados
Por sentimentos inequívocos
Redundantes, contundentes
Tantos quanto flores, espinhos e arranhões

De nada me serve decifrar
Se não posso mudar
Essa atração por luas, fracassos
Tempestades, frangalhos
Cacos, retalhos

Releio, escrevo e vejo
Que tenho estado repetitiva
Mimada, egoísta e usurpada
De qualquer outra tentativa assoberbada
De ver-me diferente
É só compilar a repetição dos versos
Que tentam ser desconexos
Sem nenhum sucesso
E ainda por cima
Mau rimados

Não faço sentido
Já decidi mudar tantas vezes
Que meu espelho não suporta mais
Uma imagem mal passada
Volúvel, abatida e absorvida
Por tudo que consome o ego
De uma mulher de quase trinta

Nada disso tem mais graça
Cansei dessa faceta
Que não transgride nada
Só beira ao abismo
De uma confissão de adolescente
Tão frequente quanto uma acne facial

Quero ter ao menos outros problemas para pensar
Algo menos sentimental para me ocupar
De forma que minha vida pare de andar em círculos
Viciosos e onerosos
Quero viajar, pouca conta para pagar
Amigos para conversar
E palavras para desabafar

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