terça-feira, 21 de julho de 2009

Morte


Todos os dias
penso na minha morte
prematura e jovem
e em tudo que deixaria
nos mundos individuais e particulares

Penso nisso
não de uma forma mórbida
mas, com nostalgia
de um desejo egocêntrico
e presunção de tornar-me insubstituível

E prospectivo tudo
quem choraria, sofreria
nas dores e saudades que causaria

Em como as pessoas tentariam
decifrar-me através de linhas que escrevo
dos momentos que vivi
dos rastros de incompreensão
solidão
decepção
depressão
perda
amores
conquistas
superações
e felicidades

Quando penso que os bons morrem jovens
penso em como eles permeiam o inconsciente mais profundo
de almas marcadas pelas dores do mundo
e dos corações mais solidários

A verdade é que as pessoas só se chocam
se paralisam
e lembram
do que é fora do normal
excêntrico, catastrófico
inesperado

Nessa perspectiva
bons morrerem jovens
é uma maneira
de guardar-se
de maneira profunda
no imaginário
de um coletivo de submundos

Mas, calma
isso são só pensamentos
não tenho tendências
físico-destrutivas
ou suicidas
no máximo pensamentos degradantes
de uma existência errante

Talvez tudo isso seja apenas o medo mais intrínseco
da solidão e do esquecimento
de terminar os dias
de cabelos brancos
sem companhia
legado
e descendentes

Pois assim preferiria
morrer jovem

Na dúvida
vou escrevendo mais protótipos de poemas
que talvez nunca sejam lidos pela maioria
a não ser no caso de morte

Tenho um desejo imenso de gritar
de ser ouvida, lida, estudada, analisada
e principalmente amada
isso quiçá pela história
sucessiva de rejeições e perdas
que são muito mais prolixas
do que eu possa deflagrar

Eu penso em minha morte
e na sua
quase todos os dias....

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