quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Acorda pra ver!!!


Já é carnaval cidade! Acorda pra ver!
Inspirada pelos versos do compositor baiano Gerônimo, me ponho a divagar sobre o grande carnaval que bate a minha porta (quase que literalmente, pois moro a poucos metros do corredor da folia).

Carnaval de Juazeiro – o pré-carnaval da Bahia, é com esse slogan que se inicia hoje mais uma folia de momo no norte baiano. E eis que surge em minha mente as primeiras inquietações: essa ainda é uma festa popular??? qual a conotação que possui hoje?

Depois de apagado por alguns anos, o antigo Juá-Fest ressurge imponente, com o resgate de tradicionais blocos, trazendo atrações nunca antes vistas na avenida (para felicidades dos chicleteiros), os bons camarotes com all inclusive ou apenas open bar, e para apimentar mais uma polêmica não poderia faltar.

Notícia do portal SG News: “Por orientação da Polícia Militar e do Conselho Nacional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Juazeiro (CREA), ficou determinado a instalação de um portão na orla fluvial da cidade, circuito oficial do pré-carnaval, que irá separar bloco de pipoca”.

- Ué! O carnaval de Juazeiro foi privatizado???? Quase meus caros amigos! Mas, a resposta aqui não seria essa. O motivo do tal portão é para “seguridade” do folião. Ainda segundo informações do portal a medida será aplicada por questões de segurança e prevenção, devido a falta de estrutura e má conservação das placas existentes na orla, estas podem cair e provocar acidentes.

Com isso acho que o atual administrador do nosso município, que acaba de assumir, pega sua primeira batata quente – é o que posso chamar de presente de grego. Se ficou constatado que existe realmente um risco de acidentes, o melhor a se fazer é realmente prevenir, para não ter que remediar. Mas, vamos um pouquinho mais longe nisso...

Se foi detectado risco foi porque não houve manutenção ou preocupação com a infra-estrutura da cidade. Lembro-me que há algum tempo atrás esse mesmo trecho ficou interditado por longos meses (ou melhor anos), para colocação de mesas por restaurantes ou bares da orla, com a alegação de que aquele espaço ficaria reservado para o pedestre, turista, prática de lazer, caminhadas, etc. Enfim, muitos bares na época fecharam suas portas, e nada foi feito pelo lazer dos juazeirenses, nem a manutenção das tais placas agora em questão.

Então, na falta de outro paliativo imediato, sobe-se um portão e separa-se o folião de bloco do folião da pipoca! Mas, não são todos foliões? Porquê um fica de um lado da corda ou do lado de fora do portão? Com meus 26 anos ainda consigo lembrar do carnaval de rua em Juazeiro, com batucadas, escolas de samba, fantasias, e todo mundo junto se divertindo nas ruas apertadas da minha querida cidade do Vale. Que saudade...

O que infelizmente percebe-se é que há um enfraquecimento dessa festa popular. Cada vez menos ela é feita para todos. E os blocos, camarotes, e afins abrilhantam a festa para poucos. A grande maioria apenas assiste, olha e deseja estar naqueles metros quadrados (dize-se de muita gente bonita) cercados por uma corda e um monte de seguranças – que se preocupam muito mais em colocar para fora algum atrevido que não esteja com a veste adequada (o abadá), do que com o filhinho de papai que está cheirando lança ou procurando confusão bem ao seu lado.

Uma da festas mais animadas e representativas do mundo, que tem sua origem no entrudo português, num período anterior a quaresma e um significado ligado a liberdade. E acho que ainda o tem, no sentido literal da palavra, pois vi esses dias na página de relacionamentos (ahhh... orkut mesmo), de um amigo meu, o nick: - no carnaval ninguém é de ninguém. Nossa! Confesso que isso me deu um medo! Quer dizer que tudo muda no carnaval? Inclusive as relações?! Depois tudo volta ao normal? Ui! Não quero nem pensar....

Bom... dentro da corda ou fora da corda, passando pelo portão ou não, em cima ou em baixo da avenida, de abadá ou sem abadá, com pulseira ou sem pulseira, vamos para rua em paz, sem armas, e com muita paz no coração! Ah, não esqueçam de usar camisinha! O resto dessa história a gente debate depois, pois a energia do carnaval é tão contagiante que até as polêmicas viram piadas...

“Eu fui atrás de um caminhão, fazer meu carnaval, que o carnaval é feito no coração...”

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